Abaixo vamos ler o relatório gentilmente escrito pela formadora da DRE Santo Amaro Cristina Marie Okita. Uma tarde onde reunimos pessoas de diversos segmentos para refletirmos sobre "sustentabilidade" e "Mottainai". Essa iniciativa inédita só foi possivel, por causa da articulação e patrocínio da Associação Comercial de Santo Amaro, as diretorias de ensino da região SUL, Faculdade Sumaré e Instituto Techmail.
RELATÓRIO DA OFICINA
“MOTTAINAI”
Data: 01/ 10/ 2012
Horário: das 13h30 às 17h
Local: FACULDADE SUMARÉ - Rua Cel. Luiz Barroso, 566 - Santo
Amaro – SP
Público: Educadores, Representantes da ACSP e da Faculdade
Sumaré – aproximadamente 50 pessoas.
Iniciamos as atividades do
dia com as boas vindas da Diretora Superintendente da Distrital de Santo Amaro,
a Sra. Rita de Cássia Campagnoli Acea.
Em seguida Sr José Florentino
dos Santos Filho – Coordenador Geral da Coordenadoria de Atenção às Drogas (CDR) e Conselho
Municipal de Políticas Públicas de Drogas e Álcool de São Paulo (COMUDA), nos
colocou a par do trabalho desenvolvido pela entidade e sobre a peça de teatro
“Ainda” com ator e diretor Marcos Caruso, que é levada em parcerias para onde
houver público, espaço e disponibilidade em trabalhar estas questões.
Um
dos pontos importantes citados por ele é o desestímulo junto aos baristas e
lojas de bebidas, com relação à venda de álcool para menores, principalmente no
entorno das escolas, como medida pedagógica e punitiva caso não haja
entendimento por parte dos estabelecimentos que infringem a Lei 14.415.
Citou
as casas de referencias que estão sendo implantadas nos 4 cantos da Cidade de
São Paulo, e a ação exercida pelas entidades como redução dos danos causados a
todos que estão no entorno do individuo que faz uso das drogas de todos os
tipos.
O
poder público está financiando trabalho de redução do impacto e na recuperação
destes usuários que aceitam algum tipo de intervenção.
Os
Educadores presentes tiveram a palavra do Diretor da Faculdade Sumaré contando
sobre a parceria da Ângela e Leila da Equipe de trabalho da Associação
Comercial.
Em seguida
iniciou-se a apresentação da oficina Mottainai que significa desperdício.
§ Entrada da Formadora Tiemi Yamashita que é Estrategista Social da ONG Teia Projetos Socioambientais, vestida de Kimono (veste
Japonesa);
§ Em primeiro lugar
contextualiza a noção de desperdício (Mottainai) para o povo japonês.
Mottainai vai além de desperdiçar comida e recursos naturais. A concepção de
desperdício para o povo japonês é uma filosofia de vida (desperdício de tempo,
de humor, de oportunidade e outras coisas).
§ Ao som de uma musica
japonesa, a formadora inicia a contação de uma história e nos pede que
prestemos bastante atenção, pois fará questões que todos deverão responder.
§ A história – Numa floresta
existem 2 regiões, o coração da Floresta, repleta de vegetação, animais e
recursos naturais (água, solo fértil, iluminação adequada). Nesta região há
formigueiros imensos, onde existe uma sociedade de formigas muito bem
organizada, com funções bem definidas para cada membro dos formigueiros
(cortadeiras, operárias, rainha). A periferia da Floresta onde habitavam
lagartas que por escassez de recursos, faziam um pouco de tudo. Ora limpavam, ora
recolhiam os parcos recursos, intercalando entre uma atividade e outra. Houve um grande incêndio na Floresta e as
formigas ficaram perdidas por não saber o que fazer (As cortadeiras reclamavam
o que vou cortar agora se não há mais folhas? As operárias questionavam a
Rainha como deveriam agir se não havia mais
formigueiros para organizar e limpar?). As lagartas conseguiram se
sobressair e se transformaram em Sábias Borboletas que com suas asas
exuberantes puderam voar com liberdade, beleza e inteligência.
§ Em seguida 5 questionamentos
foram feitos:
Num
contexto educacional, quem ou o que seria a:
ð Floresta – escola,
educadores, um sistema qualquer
ð Formiga – desestruturação,
desafios, mudanças, problemas, conflitos
ð Lagarta – educadores,
meninos de periferia que tem poucos recursos, mas são sobreviventes nesta
sociedade voraz e exigente.
ð Borboleta – ações
transformadoras, pessoas sábias e outros.
§ Cada qual interpretou de
acordo com suas concepções.
§ Esta história cabe para
várias situações na vida por mostra a mudança de paradigma do que vem a ser
sustentabilidade e desperdício
§ No ponto de vista dos
avanços sociais e tecnológicos a globalização muda o paradigma de perfil - no
mercado de trabalho, os mais bem aceitos são aquele que tem mais jogo de
cintura para atuar em qualquer situação ou adversidade.
§ Infelizmente na Educação
ainda não conseguimos perceber que os meninos e meninas (lagartas) precisam
receber formação mais adequada, eles são sobreviventes por conseguirem de todas
as situações que se apresentam pelas dificuldades que vivenciam. O que precisam
é se apropriar do conhecimento necessário (sabedoria) para saber como usar as
informações que estão por toda parte, mas que na maioria das vezes eles não
conseguem assimilar e utilizar porque lhes falta o essencial: estrutura,
letramento, leitura de mundo (na sua grande maioria são analfabetos
funcionais).
“Conhecimento”
nenhum livro, revista, documentos, enciclopédia real ou virtual podem oferecer
a alguém. Estes instrumentos trazem a informação, mas o educador/ sábio/
sistema é aquele que media para que o educando faça as conexões necessárias, as
reflexões pertinentes, a lógica possível
e possam usar essas ferramentas para gerir uma dada situação.
§ Portanto sustentabilidade é
um recurso que tem duas vertentes:
o
Recursos tangíveis ou materiais;
o
Recursos intangíveis ou intelectuais, morais e outros.
Num
2º momento, a Formadora Tiemi realizou uma dinâmica bastante interessante e
reflexiva:
§ Todos os participantes
(aproximadamente 50 pessoas)
Material – pessoas, folhas
de jornal e música de fundo.
Dinâmica – quando a musica
de fundo parava, todas as pessoas deveriam estar sobre as folhas de jornal.
À medida que o tempo
avançava, sem que os participantes percebessem, folhas de jornal eram retiradas
aos poucos.
Na ultima rodada, foi
avisado que todos deveriam se esforçar para que todos coubessem nas folhas
restantes, pois o princípio era que com a falta de recursos todos deveriam
usufruir os bem disponíveis (JORNAL).
RESULTADOS
OBTIDOS:
§ No inicio quando todos possuíam
sua própria folha, nem se preocupavam em observar o que acontecia, só estavam
preocupados com o seu bem;
§ À medida que as folhas
sumiam, começaram a se aglomerar, e uns poucos se arriscavam em circular mais,
a maioria ficava próxima as folhas;
§ Quando foi dado o aviso de
que todos deveriam se perceber e que nenhuma pessoa ficasse de fora, no inicio
houve certa paralisia, mas alguém do grupo propôs que fizéssemos um
enfileiramento de folhas e que todos se organizassem em fila. Todos,
surpreendentemente se organização e todos couberam nas folhas restantes
§ Reflexão do grupo – Recursos
materiais, inevitavelmente um dia acabam, mas se usarmos nossos recursos
intelectuais em beneficio de todos e contra os desperdícios de recursos
intangíveis, todos podem viver com melhor qualidade, mesmo com escassez, porque
sempre se acha saída se todos pensam em melhorar para todos seja em quaisquer
circunstâncias.
Reflexão sobre a Oficina
de Mottainai para Educadores
Tarde
bastante agradável - importante e reflexiva para transformar o nosso olhar
sobre os nossos alunos e como nós estamos trabalhando para inseri-los nesta
sociedade globalizada e que exige profissionais preparados para grandes
transformações em velocidade cada vez maior. A escola
não pode mais trabalhar da mesma forma que vem trabalhando, como se o mundo e a
escola fossem dois mundos estanques. É preciso inovar, aproveitando o que
nossos jovens têm de melhor – a flexibilidade e a capacidade de sobreviver –
utilizar o que trazem da vida (conhecimento prévio e senso comum) para que a
escola cumpra verdadeiramente seu papel de promotora do saber e de
transformação moral e social, instrumentalizando seus alunos para o mundo que
vivemos.
link de um vídeo que explica o que é Mottainai
São Paulo, 01 de outubro de 2012
Cristina Marie Okida
Professora de Ciências da Rede
Municipal de Educação de São Paulo
Formadora da DRE- Santo Amaro