segunda-feira, 26 de março de 2012

A responsabilidade de todos nós

Marina Silva e Tiemi Yamashita em evento da ADCE


Na semana passada estive num almoço realizado pela ADCE Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresa, na qual tive a oportunidade de assistir a uma palestra da ex ministra Marina Silva com o tema : Sustentabilidade e Valores.

Ela abordou vários assuntos, desde aliança intergeracional, modelos econômicos competitivos, a importância da diversificação. Pontuou que sustentabilidade é uma questão ética, estética, política e de compromisso.

Comentou que é mais fácil defendermos o meio ambiente no ambiente do outro, nos preocuparmos com a Amazônia e nos esquecermos de nossos rios poluídos. De fato, à medida que seu discurso ia avançando muitas coisas iam ressoando dentro de mim, alguns insights foram surgindo na minha cabeça:

O grande desafio da sustentabilidade está no seguinte ponto, temos que olhar para dentro de nós mesmos. Numa sociedade acostumada a olhar para fora, produzir sem parar e para justificar sua produção aprendeu a consumir mais do que necessita.  A sustentabilidade nos propõe a olhar para nós mesmos, entender quem somos, fazer o que faz sentido e consumir com responsabilidade.

Teve um ponto que também me chamou a atenção, quando ela disse que a crise é múltipla e, portanto que a liderança também é múltipla. Que os líderes estão em todos os lugares e se manifestam das mais variadas formas, mas que os valores são semelhantes.
Isso eu tenho percebido de perto, vou citar como exemplo o  Hub São Paulo que é um espaço projetado para catalisar a criação das mudanças que as pessoas querem ver no mundo. Eles oferecem espaços e serviços para que aqueles que têm ideias inovadoras possam acessar recursos, realizar conexões, produzir e compartilhar conhecimento.


São espaços para trabalhar, criar, se reunir e se conectar. Serviços e estruturas necessários para se cultivar uma ideia, lançar um projeto, organizar um evento e gerenciar um negócio.
Tem como missão inspirar os inovadores sociais que são hoje os agentes de mudanças no país e apoiá-los na realização de suas ideias empreendedoras para um mundo radicalmente melhor. Em Abril acontece o HUB Escola, imagine líderes multicêntricos de diversas áreas compartilhando conhecimento com outros líderes.
Confira a programação: http://www.the-hub.com.br/hubescola/programacao               


Eu sou membro do HUB e tenho conhecido pessoas inspiradoras que atuam nas mais variadas áreas, mas todos tem valores parecidos, estamos juntos ensinando, aprendendo e fazendo a diferença.


Bem, depois desse almoço eu quero agradecer a minha amiga Sandra Oliva que me convidou para esse encontro, a ADCE pelo impecável evento e a Marina Silva que me fez refletir sobre o  meu meio ambiente e  minha sustentabilidade.




sexta-feira, 9 de março de 2012

A kebrada tem cérebro, alma e cor-ações abertos




 
Mês passado estive com o empreendedor social economista e sociólogo Celso Sekiguchi, que me convidou para conhecer a Kebrada do Campo Limpo. 
 Kebrada é uma gíria que se refere de forma carinhosa ao espaço, bairro onde se vive. Marcamos uma segunda feira para conhecer a União Popular de Mulheres e o Sarau do Binho. Fui de ônibus saindo do Terminal Santo Amaro em direção ao Terminal Campo Limpo. Os ônibus são aqueles bem compridos, biarticulados com o dobro de capacidade dos comuns. No caminho já fiz amizade com uma simpática senhora que  se ofereceu para me levar até o Jardim Maria Sampaio, distrito do Campo Limpo, onde fica a ONG e o seu banco comunitário
 
Chegando lá fui recebida pelo Thiago Vinicius de Paula, jovem empreendedor e analista de crédito do Banco Comunitário União Sampaio, que me apresentou a casa e me explicou que os movimentos populares tem a preocupação em atender as demandas da comunidade, mobilizando as pessoas  para resolvê-los agora, por meio de ações coletivas como os multirões, por exemplo.
Casa da Mulher e da Criança (mas também de idosos e pessoas de todas as idades, crenças, cores, amores, etc.) como é conhecida a UPM é um espaço em que as pessoas podem se reunir para aprender. Eles  tem cursos de alfabetização, informática, artes e atividades para a Terceira Idade. Rafael Mesquita, gestor do banco e um dos articuladores da Agência Popular de Fomento à Cultura Solano Trindade, juntamente com Thiago Vinicius e várias pessoas e coletivos do Campo Limpo, Capão Redondo e adjacências, me contou do Banco Comunitário União Sampaioque fomenta a economia solidária. Já a Agência Popular Solano Trindade fomenta a geração de renda por meio de atividades artísticas, educativas e socioculturais. 
 
Naquela tarde conheci muitas pessoas interessantes, me surpreendi com os  diversos projetos desenvolvidos, com a mobilização da comunidade, com a força dos líderesÀ noite fui prestigiar o Sarau do Binhoevento que acontece todas as segundas-feiras no bar que leva o nome deste empreendedor social (que criou projetos como a Bicicloteca, a Brechoteca, o "Donde Miras", e realiza além dos saraus em seu bar e de sua esposa, a Suzi, também saraus para crianças em bibliotecas públicas, etc.) e possibilita o encontro de pessoas do bairro que apresentam suas poesias, seus pensamentos, suas indignações e seus amores, assim como articulam os movimentos e outras iniciativas de mobilização das comunidades.
 
Foi um dia muito especial, agradeço ao Celso Sekiguchi pelo convite e a todos que me receberam com todo carinho naquele dia.  E saí da Kebrada do Campo Limpo , refletindo a respeito da importância de se conhecer o outro, daí a importância do projeto Vivências Comunitárias que vem sendo articulado pela Agência como um todo, especialmente  pela turismóloga Amanda Melo. Projeto este que consiste em levar, tanto as pessoas da comunidade para conhecerem o universo de atrativos existentes  em toda a região, como para poderem visitar em grupo, outras regiões e localidades fora das "kebradas". Por fim, o projeto também possibilita que pessoas de fora das comunidades também possam conhecer, entender, aprender ensinando e comparilhando conhecimentos sobre diversos temas e iniciativas de interesse comum, como os projetos de economia solidária e criativa, cultura periférica, articulação e mobilização populares, educação, cultura e sustentabilidade nas comunidades, processos de desenvolvimento local a partir das visões das mesmas, etc. 
Sarau do Binho
 

 Sempre vejo projetos sociais que contemplam a periferia, que visam oferecer cursos de capacitação para as comunidades carentes, etc. Mas, querem saber? Depois do que vi naquele dia, acho que são eles que devem oferecer os cursos para aprendermos como mobilizar pessoas por uma causa, como praticar a solidariedade de forma criativa, como valorizar a cultura local em meio e resistindo à invasão cultural e distorções de imagem impingidas por boa parte da mídia.
 
E de como sobreviver com projetos com verbas de R$20.000,00, para o ano todo, multiplicando ações, recursos, relações e tornando possíveis a melhoria de vida em seus vários aspectos nas periferias de grandes metrópoles, que se esquecem e abandonam, quando não, simplesmente destratam suas comunidades.
 
O pessoal da Kebrada tem cérebro, "corpo, alma, gestos, sons", inteligência e sonhos magníficos e eu tenho muuito que aprender com eles, como eles dizem :
"Tamus juntos e misturados", para sempre!
 
Colaboraram neste post: Celso Sekiguichi , gratidão pela criação coletiva. Valeu!