sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Tiemi Yamashita e Andréa Sousa levam a Contação de Histórias na Penitenciária Feminina

A experiência na Penitenciária

Foi no dia 11/11/2011 , uma sexta feira com cara de chuva de fim de tarde. Eu estava entrando na Penitenciária Feminina do Butantã – regime semi aberto. Estava acompanhada da contadora de histórias Andréa Sousa minha companheira de aventuras, aliás foi ela que me convidou para essa jornada, pois contadores do mundo inteiro dedicavam este dia das 11 da manhã as 11 da noite em levar o encantamento das histórias nos lugares mais inusitados. O local me surpreendeu,  um jardim muito bem cuidado, com rosas carmim nos recebendo, na administração  cores como lilás, rosa e branco predominavam nas paredes bem pintadas e enfeitadas com quadros. Na entrada do pátio, observei ao fundo as roupas penduradas no varal. -São as próprias educandas que lavam suas roupas.( disse a assistente social)
 Essa penitenciária é considerada um modelo, lá elas são chamadas de educandas, tem diversas atividades, fazem cursos, trabalham lá dentro ou fora, e tem empresas como de artesanato e até uma griffe de moda “ Das Pre” . O diretor me explicou que no regime semi aberto, há menos grades e todo um preparo para a reintegração das educandas para a sociedade.
Conhecemos a Casa das mães, onde ficam as mães que tiveram seus bebês na penitenciária, elas ficam com as crianças até os 6 meses durante o período de alimentação e ficam isoladas das outras num outro prédio. Um lugar muito bonito, todo enfeitado muito aconchegante, onde as mães ficam juntas, compartilham esse momento dos primeiros meses e da amamentação.
De repente estávamos reunidas na Capela, elas foram chegando, entrando meio desconfiadas, algumas se sentaram nas últimas fileiras, outras sentaram ao meio. Nós acenamos com a mão pedindo para que se aproximassem. Eram em torno de 67 educandas , mais a equipe técnica e a coordenadora de cultura de lá. Escolhemos histórias como Amaterassu a Deusa do sol que fica escondida numa caverna por muitos anos, e também do Fofinho que descobre sua verdadeira identidade. Aos poucos elas foram mudando, seus rostos foram ficando dóceis, os olhos brilhavam infantis, a expressão dos corpos antes duros e destemidos, agora eram como de crianças atentas esperando o desfecho das histórias. Depois Andréa propôs um passeio na Floresta e fomos todos viajando por cenários imaginários, brincando rindo e por um instante nos esquecemos quem éramos, e onde estávamos. De repente éramos 67 crianças vivendo a mais bela das liberdades. A liberdade da nossa imaginação!
Jamais me esquecerei de cada rosto transformado, dos sorrisos e dos abraços fraternos que recebemos naquela tarde.
Gratidão a todos por essa experiência vivida no dia 11/11/2011.